Dá-me teu pranto, ó doce pessoa
Para lavar minhas mãos tão impuras
Quero tocar esta alma tão boa
Que hoje sofre em meio as agruras.
Dá-me tua culpa, que dela preciso
Para erigir tuas costas cansadas,
Injustiçadas por quem tira o riso
Do rosto que inspira minhas toadas.
Dá-me um minuto, um segundo que seja
Pois quero te trazer oxigênio
És uma estrela da cor de cereja
Que faz o brilho dos versos do gênio.
Dá-me teus medos, que eles são nada
Perto da força que te ver me dá
Quando eles virem quem te quer amada
Fugirão antes de eu revidar.
Dá-me um sorriso, e o teu coração
Vem aqui e terás tudo que tenho
Pois o melhor de mim é só fração
Mas será tua a fração e o empenho.