Queria que esse tivesse sido o lado A, mas o que importa é que ele esteja aqui…
Mais um dia se passou. E, que ironia, você parece mais presente que antes. Não importa que já não sejamos um casal; é que você marcou presença, mudou o meu ser. Afinal, quem deixa marca não desaparece, mas faz falta.
Você se foi e eu sobrei. Só que estou mais para resto que para excedente. Enquanto não inverto esse jogo, reflito: o que ficou, além de mim?
Uma pessoa triste pela ida, mas conformada pela sua decisão. Quem ama, permite.
Um homem ainda mais apaixonado. Quero reviver o amor que me é combustível. Quem ama, vive.
Alguém redescobrindo a esperança. Preciso e tenho fé de que sou importante, mesmo depois de perder metade de mim. Quem ama, regenera.
Um cara que sorri mesmo na dor. O meu amor não lhe serve mais, mas qualquer pessoa pode recebê-lo no mesmo ou em outro formato. Quem ama, compartilha.
Diante deste mar revolto à noite, que é a solidão, eu me faço de navio… permeio suas armadilhas buscando o farol que se chama “amanhã”. A solidão é o hoje, mas no hoje posso usar a luz do farol. Assim o hoje se torna mais claro, na perspectiva de que o melhor vem depois do bom.
De solitário, passarei a sozinho, de sozinho a ninho, de ninho a pássaro. De pássaro a revoada, de revoada a céu. E, iluminado, atraindo satélites.
Paulino Solti x Camila Barretto
“Desafio das palavras” é um jogo proposto, com o objetivo de versar sobre temas vindos de fora pra dentro; inspirar-se ao contrário. Dois poetas, cada um com seu olhar sobre o tema/título.