Meu barco dorme à margem dum rio seco
Meu ser hiberna onde não pertence
O meu amor é vítima num beco
Minha canção nenhum festival vence.
Meu pensamento foge da mentira
Meu coração a ele atrapalha
Se tento, em vão, conter a minha ira,
Me queimo fácil, como fosse palha.
O espelho mostra alguém que desconheço
Pois o que vejo não traz resultado
O “ser eu mesmo” cobra um grande preço
Eu pago e nada levo do mercado.
Se os meus planos falham um a um
Melhor mesmo é mudar o objetivo
Nos tantos eu encontrarei algum
E nele eu terei meu incentivo.
Pra quem se livra de um velho caminho
Qualquer um novo é melhor que nada
Acompanhado ou mesmo sozinho
Eu sigo, pois só eu me levo a estrada.