Esta é uma paródia de “A Banda”, de Chico Buarque de Hollanda.
Um trem passou feito bala
Não parou na estação
A voz do menino cala
Calando o meu coração.
Eu olho em volta, catracas,
Pessoas, trilhos, vagões
Sinais de que só empacas
Se não dás lenha aos fogões.
Um trem tem hora pra passar; impaciência esqueceu
Talvez em outro tempo eu possa me chamar de “seu”
Será que a locomotiva assustou
Ao ver que alguém já comprou a passagem?
Por quantas estações ela vai passar pra entender
Que a sua disposição está meu querer e poder?
De que adianta continuar a canção,
Se ela não escuta o calar
Que vem do meu coração?
A ferrovia não liga
Se estou longe daquela
Que quero mais que amiga
Que liga meu ser a ela.
Quando ela perder o bonde
Terei mudado o modal
Irei não importa aonde
Fugi dos trens afinal…
Mas se ela reaparecer e propor algo mais
Será que tenho forças para não olhar pra trás?
O que farei diante do que mais quero
Se sua volta é o que tanto espero?
Eu vivo a ilusão de quem atrasado correu
Na esperança de que todo o esforço valeu
Mas a verdade é que ela já zarpou
E eu insisto em ouvir a voz do interior.
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Seus Olhos: Distância – https://paulinosolti.com.br/2017/04/09/seus-olhos-distancia/