Nem sempre tenho versos.
Tem dia que é só uma gota d’água.
Por vezes, faço chover.
Noutras, derramo uma lágrima.
Nesses dias, eu mais vivo que reflito.
Nesses dias, a inspiração bate em outras portas.
Sozinho com meus pensamentos não-poéticos, aguardo seu retorno. Enciumado.
Enquanto conto as horas.
Quando ela retorna, saciada dos demais, faminta de mim, estou sempre de guarda baixa.
Ela bate sem defesa.
No máximo, busco o papel para registrar seu nocaute.
E desfaleço satisfeito.
Ao recobrar os sentidos, percebo que a inspiração deixou doze rounds de versos para trás.
E, outra vez, foi-se como quis.
Dizem que são os vencedores que contam a história…
Pois é, inspiração. Ganhei de você outra vez.