O palhaço ainda sabe fazer rir.
Meu coração é um desperdício
Otimista desde o início
Mendigando atenção.
Pobres átrios e ventrículos
Não cansam de serem ridículos;
Não pedem extrema unção.
Faço muito texto belo
Mas o sorriso é amarelo
Quando percebo a ironia.
És uma estátua de areia
Tão real quanto a sereia
Que surge na epifania.
Rico do ouro de tolo
Não tenho um pé de consolo
Que me dê satisfação.
O verso é confessório
O lamento é notório
Meus dias só são.
Eu busco um novo sentido,
Limpar o peito doído,
Rasgado em outra recusa.
Recusa que eu fomento
Ao insistir no alimento
Que fere quem muito abusa.
Sou uma pergunta sem resposta,
Oferta sem contraproposta,
Crime sem objeto.
Sou um louco desinternado,
Sou um morto desenterrado,
Sou um péssimo projeto.